Horário: De terça a domingo. Das 09h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00

Museu

Em fins de 1914 era para ser levado a leilão público grande parte do recheio do antigo Paço Episcopal, expropriado pelo Estado em 1912. Todavia – e depois de alertadas as autoridades devidas –, ao abrigo da legislação republicana, este acervo irá ser parcialmente adquirido pelo Estado e reverter para o futuro Museu Regional de Obras de Arte, Peças Arqueológicas e Numismática de Bragança, aquando da sua criação formal em 13 de novembro de 1915. Só em 1935, na jubilação de Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, passará a Museu Abade de Baçal.

A nomeação, quase imediata, de Álvaro Carneiro para o cargo de diretor não foi bem aceite localmente. Devido a esta escolha politizada contra o sentir local, a relação entre Álvaro Carneiro e a Câmara Municipal de Bragança foi péssima, mantendo o museu fechado ao público e inerte até ao advento do abade, na década seguinte.

Com a direção do Abade de Baçal (1925 – 1935) e a criação do Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte na mesma altura, a este fundo inicial, foram-se somando, quase em avalanche, inúmeras dádivas de amigos e artistas, muitos objetos que o Abade ia descobrindo no seu calcorreio arqueológico do distrito e, também, por aquisição, sempre sob o parecer do amigo Raul Teixeira, e que, após restauro quando exigido, passava a integrar a exposição permanente. Também é ainda nesta fase que se iniciam entregas de legados importantes, geralmente dando origem a novas salas, como a Sala Abel Salazar em 1935. Portanto, nos dez anos de governo do Abade, abre-se formalmente ao público o museu (em 1927), alargam-se as coleções para novas áreas e estrutura-se e afirma-se formalmente a instituição no distrito e no país. E este período de real formação do Museu vai prolongar-se, também, durante toda a direção de Raul Teixeira (1935-55), «a alma artística do museu», como lhe chamou o Abade.

Raul Teixeira – com um dinamismo exemplar que lhe mereceu um louvor oficial em 1939 pela Junta Nacional da Educação – desempenhou ainda uma ação meritória na angariação de obras de arte junto de pintores firmados. Grande parte das obras de arte das décadas de 1930, 1940 e parte da de 1950 a ele se devem, ora conseguidas por aquisição, ora por doação, assim como por depósitos de espécies vindas de museus centrais e organismos da região, para além da receção do importante legado Sá Vargas, em 1939. Estes acervos, depois de intervencionados, eram expostos em salas preparadas para o efeito, como a Sala Sá Vargas e a Galeria de arte moderna, entre outras.

Ainda na década de 1950 deu entrada o legado de Guerra Junqueiro, constituído por algum mobiliário e pintura da região adquirida para o efeito e, na de 1960, logo no seu início, foi acolhido o legado Trindade Coelho, entretanto cedido para Mogadouro.

A principal coleção de numismática, constituída por duas mil moedas nacionais, foi legada em 1973 pelo coronel Ramires e, cerca de vinte anos depois, incorporou-se, com algum mobiliário e boa pintura, o legado Eduardo Costa.

Como um museu é um organismo vivo, sistematicamente se incorporam novas espécies, sobretudo da região, em que a arqueologia, a etnografia e a arte têm uma presença mais evidenciada.