“Tenho 1,74 m de altura; tez morena; olhos castanhos; barba espessa e preta; cabelo preto e crespo; mãos delgadas; dedos compridos; unhas pequenas e bravas. Sou muito peludo por todo o corpo, de musculatura forte; pouco carregado em carnes, tendendo mais para o magro do que para o gordo. (…)”
Assim iniciava Francisco Manuel Alves o seu autorretrato já nos últimos anos da sua vida. Nascido a 9 de abril de 1865, em Baçal, realiza os seus estudos Elementares em Sacoias e os Preparatórios e Teológicos em Bragança, terminando a sua formação eclesiástica em 1889, sendo, ainda nesse ano, nomeado pároco para Mairos, Chaves, sob a proteção regeneradora do deputado Abílio Beça, depois de se gorarem outras hipóteses menos distantes.
Em 1895 é colocado na freguesia de Baçal, paróquia que assumirá até à sua jubilação. Vereador na Câmara Municipal de Bragança entre 1908 e 1910 na presidência de Abílio Beça inicia, nesse mesmo ano, a publicação daquela que é a sua obra maior, as Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, que viria a ter onze volumes já depois da sua morte.
Profundo estudioso da região do nordeste transmontano, de uma fina curiosidade, Francisco Manuel Alves integra ao longo da sua vida numerosas sociedades académicas e científicas, estando, desde os primeiros dias, ligado à criação do atual Museu do Abade de Baçal, datada de 1915 e então designado Museu Regional de Obras de Arte, Peças Arqueológicas e Numismática de Bragança, e do qual foi diretor entre 1925 e 1935.
Agraciado, em 1920, com o grau de comendador da Ordem de São Tiago da Espada, jubila-se em 1935, sendo-lhe então conferido o título de Abade pela Diocese.
Por ocasião da sua jubilação é-lhe prestada expressiva homenagem nacional, sendo-lhe conferido o título de grande oficial da Ordem Militar de São Tiago da Espada, e atribuído o seu nome ao Museu, do qual se torna diretor honorário. Morre em Baçal a 13 de novembro de 1947.
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